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Coluna da Marta

Marta Schlichting

As Nonnas me salvaram

Noite de sexta-feira, um frio congelante e eu exausta de uma semana em que as notícias nacionais e internacionais fizeram o possível para que eu perdesse a fé na humanidade. Para salvar o meu humor lembrei daquela máxima: descanse, mas não desista. Sim, eu não quero perder a esperança que ainda dá para adiar o fim do mundo. Imaginei que uma comédia poderia me ajudar a esquecer as ofensas machistas, misóginas e inaceitáveis que senadores desqualificados endereçaram à Ministra Marina Silva e que acabaram por ofender a todas nós,  mulheres. Quem não espumou de indignação com a pérola abjeta daquele sujeito que, sem nenhum constrangimento, disse em alto e bom som “ponha-se no seu lugar, Ministra”?  Infelizmente, teve bem mais na semaninha puxada. As mortes em Gaza, desde outubro de 2023, ultrapassaram 50 mil, das quais mais de 35% são crianças. Já são 16 mil crianças palestinas mortas e as que sobrevivem enfrentam a fome extrema e a escassez de serviços básicos. Como se não bastasse, o Nero do século XXI – aquele que lá da Casa Branca acredita que manda e desmanda no mundo – congelou mais de US$ 2 bilhões em subsídios e contratos com a Universidade de Harvard, paralisando diversas pesquisas, como as voltadas ao Alzheimer, esclerose múltipla e outras doenças.

Foi esse show de horrores que me levou a cogitar uma comédia no streaming. Detalhe importante: eu raramente assisto comédias. Mas aquele dia eu precisava de alguma leveza, desde que não fosse no estilo pastelão que, definitivamente, não encaro. Aí que, rolando o cardápio da Netflix, me deparo com Nonnas e, intuitivamente, decido assistir esse filme delicioso que recomendo muito. O longa é inspirado na história real de Joe Scaravella, um nova-iorquino que – para enfrentar o luto e homenagear a mãe – decide abrir um restaurante comandado por avós italianas. Inaugurado em 2007, o Enoteca Maria segue em funcionamento até hoje fazendo sucesso, ainda mais agora, após a estreia do filme. Quase duas décadas depois, ele se mantém fiel ao propósito de oferecer uma comida afetiva, sempre preparada por nonnas. No filme, são elas que protagonizam as cenas divertidas – mas não escrachadas – e que nos levam a conectar com nossas próprias memórias e laços afetivos.

Ao fim e ao cabo, a experiência foi surpreendente. Consegui mudar meu humor, acreditar que existem boas comédias e comprovar que, quando estamos saturados das loucuras deste mundo, tudo o que devemos fazer é descansar. Para não desistir.

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