Deslizando o dedo pela tela do celular paro em um reels culinário do preparo de uma lasanha à bolonhesa que imediatamente me faz salivar. Saio do trabalho decidida a não ficar na vontade, e no supermercado vou dando check na lista de ingredientes de um dos clássicos da culinária italiana. Chego na seção de hortifruti, cebola, alho, tomates? Então me recordo que há alguns dias havia pego uma meia dúzia deles, calculo que seriam suficientes para o molho. Chego em casa, abro um Malbec e vou separando os ingredientes comprados para iniciar a receita, ah, os tomates! Caminho até a fruteira e me deparo com uma das cenas mais temidas pelos cozinheiros amadores, uma parte dos tomates virou prato principal para fungos e bolores e de meia dúzia restavam quatro sobreviventes, sendo que a integridade do quarto me parecia um tanto duvidosa.
Enquanto seguro o tomate em mãos meus pensamentos são invadidos pela memória de uma reportagem que li há algum tempo, a qual alertava sobre os riscos à saúde em consumir frutas ou legumes que apresentem uma porção estragada, mesmo que pequena (“quem nunca” que atire o primeiro tomate). Segundo especialistas, embora pareça saudável, o processo de apodrecimento pode estar acontecendo mesmo onde não é visível, e as toxinas liberadas no alimento, quando consumido, podem levar até mesmo à quadros mais graves de infecção alimentar.
E quem sou eu para contestar a ciência? Convenhamos que é preferível um molho menos encorpado do que uma noite de rainha, não é mesmo?! E assim, lá se vão os três tomates ao lixo orgânico onde seguirão servindo de jantar aos seres do outro reino. Enquanto isso, do lado de cá o relógio do forno apita, é chegada a hora de sanar o desejo que me consumiu ao longo do dia. Hummmm, delícia! Se eu tenho alguma certeza esta noite, sem dúvidas, é a de que todos os seres que habitam minha casa irão dormir satisfeitos, e a culpa é da ciência.