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Coluna da Paty

Patrícia Viale

Ativistas culturais tomam Rivotril?

Para início de conversa precisamos saber o que é ativismo. Ativismo é o ato de defender algo. Comumente, o termo ativismo é usado como sinônimo de manifestação ou protesto. Nas ciências políticas, é sinônimo de militância por uma causa. E manifestação ou protesto não configura ato de violência ou depredação. E ativistas culturais, não necessariamente são pessoas nervosas, que precisam tomar Rivotril. Aliás, quem receita medicamentos é médico diplomado, e não formador de opinião.

Um ativista cultural é uma pessoa que participa de atividades criativas que questionam as interpretações dominantes do mundo. O ativismo cultural é um conjunto de ações e práticas que visam promover mudanças sociais, políticas, culturais ou ambientais. Os ativistas podem lutar por: Direitos, Cultural, Igualdade, Justiça social, Preservação do meio ambiente. E para isto é preciso conhecer bem a causa defendida, compreender a história, manter-se informado para agregar ao movimento, seguir princípios claros, traçar uma estratégia, traçar um trabalho, ser criativo. Mas principalmente ser coerente com o seu propósito de vida e não usar de violência física ou verbal.

Na noite de segunda-feira, 24 de março, o Coletivo de Cultura Gramadense, representado por Naiana Amorim, fez uso da Tribuna do Povo na Câmara de Vereadores de Gramado para apresentar uma carta aberta à comunidade e ao poder público. O documento expressa a preocupação de artistas, produtores, agentes culturais e cidadãos com o atual cenário das políticas culturais no município. 

Entre as declarações da carta está de que “As políticas culturais locais têm sido marcadas por altos e baixos. Apesar da aprovação do Plano Municipal de Cultura 2020–2030 (Lei nº 3.847/2020), fruto de ampla participação social, existem ações previstas que continuam sem implementação — como é o caso do mapeamento de agentes culturais e um site institucional para articulação e transparência”. 

Os participantes do coletivo salientam que o “diálogo com a Secretaria de Cultura tem sido frustrante: embora segmentos culturais sejam recebidos em reuniões, não há devolutivas nem encaminhamentos concretos. Isso gera desânimo e enfraquece o vínculo entre poder público e comunidade cultural”.

Embasado em legislações como o Plano Municipal de Cultura (Lei nº 3.847/2020) e o Sistema Nacional de Cultura (Lei Federal nº 12.343/2010), a carta traz exigências e sugestões concretas para fortalecer a cultura local, reafirmando seu papel estruturante para a cidade. O coletivo reforça que “a Secretaria também tem se ausentado de eventos que integram o Sistema Estadual de Cultura — como o Seminário de Integração da Gestão Cultural — perdendo oportunidades de formação, articulação federativa e captação de recursos”.

O fato de um grupo se manifestar e solicitar atenção, ou mudanças, para uma causa não configura este grupo como pessoas nervosas em busca de algo. Uma manifestação é a oportunidade de mudança. Algo está fora do contexto naquele ambiente. E ativistas culturais são pessoas que estudam, trabalham, produzem e nos lembram que a vida não é feita somente de dinheiro.

Prédios para serem construídos precisam de engenheiros e pedreiros. Jornalistas escrevem textos. Professores ministram aulas. E artistas e produtores culturais produzem cultura. É simples. E quem ainda não encontrou o seu rumo acha que pode atuar em qualquer canto. Não é assim e os ativistas culturais nos lembram disto.

A carta com as solicitações do Coletivo Cultural Gramadense foi entregue oficialmente na sessão da Câmara de Vereadores, acompanhada de um abaixo-assinado de apoio da comunidade e endereçada ao prefeito, exigindo tomada de providências imediatas. O abaixo assinado já conta com mais de 700 assinaturas e pode ser acessado pelo endereço: https://bit.ly/42jsxqw

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