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Coluna da Marta

Marta Schlichting

Leia Mulheres

O maior evento literário a céu aberto da América Latina – a Feira do Livro de Porto Alegre – teve início em 1º de novembro, celebrando seu 70º aniversário. Quem já passou por lá testemunhou a felicidade que sentimos ao ver o Centro Histórico da capital, em especial a Praça da Alfândega, ocupado por milhares de pessoas e livros e não pelas desastrosas águas da enchente de maio.  São 72 bancas e mais de mil eventos gratuitos – entre oficinas, contação de histórias e conversas com autores – que acontecem em espaços culturais no entorno da Praça.

Prestigiar a Feira do pós-enchente tem mesmo um significado especial. Além de apoiar a retomada deste setor fortemente atingido e, claro, aproveitar os bons descontos e promoções, passear na Feira é também encontrar amigos, socializar e ocupar a cidade, tomar um café ou um chopp gelado à sombra das árvores, imersos na cultura e no lazer que nos salvam da rotina monótona e estressante.

A exemplo das últimas edições, fiquei  muito feliz com  a crescente oferta de obras escritas por mulheres. Assim como ocorre na política e no mercado de trabalho de maneira geral, o segmento literário sempre foi um espaço dominado pelos homens. Para termos ideia, uma grande pesquisa, realizada pela Universidade de Brasília, analisou obras publicadas pelas três maiores editoras do Brasil durante 50 anos (1965-2014) e apontou que as mulheres representavam menos 30% dos autores no período. É verdade que o panorama literário cresceu a partir da década de 70, com mais autoras sendo publicadas e conquistando reconhecimento. Também na última década, movimentos mundiais – como o #LeiaMulheres, uma hashtag popularizada nas redes sociais a partir da iniciativa da autora e ilustradora inglesa Joanna Walsh – deu visibilidade à produção feminina.

Mas, afinal, por que ler mulheres é importante?  Pela óbvia reparação histórica, pelas questões de identidade e representatividade tão bem resumidas pela francesa Hélène Cixous, autora do clássico O riso da Medusa: “É preciso que a mulher se escreva, que escreva sobre a mulher, e que faça as mulheres virem à escrita, da qual elas foram afastadas tão violentamente quanto o foram de seus corpos”.

Quem sabe nesta Feira do Livro  – que segue até o dia 20 de novembro – possamos dar nossa contribuição para criar novas realidades, mais plurais e inclusivas, priorizando a literatura feminina e a visão do mundo sob a lente das mulheres. 

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