Meu último domingo foi em função do Enem. Maria Rita, minha filha, foi treineira. O Enem é a principal porta de entrada para o ensino superior, e permite ao candidato pleitear vagas em universidades públicas e privadas de todo o país.
O tema da redação nesta edição foi “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”. Quando o tema foi divulgado pensei que ali estava um pouco de mim. Justamente neste ano, o Enem registrou um aumento significativo no número de idosos inscritos na prova: 17.192 participantes, 191% a mais do que em 2022. Os estados com mais representantes da terceira idade são Rio de Janeiro (3.087), São Paulo (2.367) e Minas Gerais (1.997). Na escola em que Maria Rita fez as provas, em Canela, vi várias mulheres “maduras” com o kit de caneta preta e comprovante de inscrição. Bateu um sentimento de esperança. As mulheres não estão se acomodando e ainda planejam mudanças na vida.
O tema da redação me fez pensar na minha vida. Tenho 52 anos, alguns cabelos brancos, já faço reposição hormonal, entrei no Mestrado, deixei o cabelo crescer, mudei minha trajetória profissional, reformei minha casa, encontrei um grande amor. Algumas pessoas acham que estar nos 50 anos merece recolhimento e que se acomodar torna a vida mais tranquila. Talvez estejam certos. O caso é que não acredito em vida tranquila sem realização pessoal e a minha realização veio com os 50.
Envelhecer não é sobre seguir regras. Envelhecer é sobre se conhecer cada vez mais. E o autoconhecimento caminha junto com a vida tranquila. Viver é ter liberdade para mudar. É se analisar e perceber que o que ainda não foi vivido pode se tornar presente se quisermos. Viver é uma poesia sendo escrita constantemente. Tudo é possível.
No próximo domingo (16/11), será a vez da prova de matemática e ciências da natureza. E lá estarei novamente com a minha filha. Vivendo mais uma etapa e criando perspectivas positivas e reais para esta nova fase.


