O seu canal de notícias dos Campos de Cima da Serra

Coluna da Ana

Ana Oliveira

Políticas Culturais no Brasil Hoje: Um Olhar da Serra Gaúcha na Retomada Cultural

De agentes territoriais aos desafios locais: um convite para pensar a cultura juntos

Olá, pessoal! Vamos chegando por aqui, nessa série de textos, reflexões e atualizações para a coluna que busca trazer informações sobre cultura ou culturas (são tantas e tão diversas) e no nosso caso, a cena cultural que gira, transforma e reinventa a Serra Gaúcha. Estamos vivendo momentos de retomada cultural em nossa região, em nosso estado e no Brasil e surge daí uma vontade grande de falar e ouvir sobre nossas vivências, possibilidades e também dos vários desafios que temos enfrentado também. Então o convite é: Vamos nessa em conjunto?

Na função como agente territorial desde o ano passado, tenho vivido mais intensamente a cena cultural da nossa região de uma forma mais “capacitada” em comparação ao que já vivi antes. Explico. Quase sempre atuei na área cultural, junto com a educação e também o meio ambiente, de um lugar com menos formação, no feeling, em projetos de forma voluntária, como uma aprendiz mesmo, mas sempre com o desejo de me colocar na cena de uma forma mais profissional. Entramos em 2024 com uma possibilidade de editais muito maior do que vinha sendo oferecido e possibilitado nos anos anteriores, depois do desmonte de muito do que havia sido construído em relação às políticas públicas no Brasil e também do Ministério da Cultura e o edital dos Agentes Territoriais, que possibilitou ingressar com bolsa de uma forma mais profissional no meio e também, vem sendo uma possibilidade de trabalhar com essa ferramenta tão importante que são as políticas públicas na prática nos territórios.

Em 2023 é dado o início do Programa Nacional dos Comitês de Cultura, através da assinatura da Portaria MinC Nº 64, em 28 de setembro de 2023 com a primeira edição já acontecendo, é um programa de reconstrução do Ministério da Cultura que contribui na evolução das políticas culturais e que tem contribuído para o fortalecimento da cultura no país. As Leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo, principais formas de fomento atuais, refletem as necessidades emergenciais do setor cultural durante a pandemia e a importância dessa intervenção estatal nesse motor de geração econômica que é o setor cultural. Dessa forma, a criação de políticas culturais e leis como a PNAB garantem a descentralização e a inclusão de diferentes manifestações culturais no Brasil. O Ministério da Cultura é um órgão institucional fundamental e de papel centralizador para a construção das políticas. Como órgão federal por si só, já possui poder de fortalecimento. E evidententemente quando há bons investimentos se torna ainda mais forte e relevante. Dessa forma, criar programas como o dos agentes territoriais, que buscam olhar de forma mais atenta às especificidades de cada região, ter conselhos de cultura municipais, agentes culturais atuantes e conferências de cultura de frequência são ferramentas que demonstram a preocupação em descentralizar o acesso às políticas culturais. É evidente então que leis instituídas em períodos emergenciais se tornaram fundamentais para amparar o setor cultural, e tornou possível pensar em alguns cenários e localidades de forma mais individual.

No entanto, rodando a região e conversando com tantos trabalhadores da cultura, meu olhar ficou mais sensível aos enormes desafios de quem está na cadeia produtiva. É difícil criar e transformar sem formação, fomento, incentivo e reconhecimento. Meu salve a todos que conheci e ouvi até agora! Quando falamos de projetos de base popular, inclusão de pessoas negras, com deficiência, indígenas e das mais variadas comunidades tradicionais, o cenário é ainda mais preocupante. Canela, a cidade onde resido atualmente, possui história, memória e agentes de trabalhos da mais alta qualidade, inspira cultura, faz quem chega até aqui querer ficar para construir junto. Ainda assim, na prática, a valorização da cultura local parece caminhar a passos lentíssimos – quando não anda para trás. Em terra que apenas enaltece entretenimento e turismo, esqueceu-se que o direito à cultura é também prioridade para quem vive e trabalha aqui. E é assim que a cultura local se torna “item” esquecido e descartável. Escrevo isso com o coração pesado, pois nessa semana recebemos não só a notícia de que o Festival de Bonecos de Canela, tão tradicional e reconhecido na história do município foi adiado, novamente, para o ano que vem, como também a Feira do Livro que estava marcada agora para setembro, também será adiada. Nos resta acolher os amigos, pensar o que pode ser feito e reforçar o mantra que nos fortalece: Estamos juntos? Mas também, finalizando aqui o texto, fica a pergunta: Qual é o lugar da valorização da cultura local na gestão de um município?

Nota pública do Conselho de Cultura de Canela e chamado para ação – 10.09.2025
Link: https://www.instagram.com/p/DObU7uRDXnw/?igsh=NmpyaW40ejBwa3hy

Foto: festivalbonecoscanela.com.br

Postagens Recentes
Colunistas

E se eu parasse de lutar

Minhas últimas semanas têm sido de adaptações: as aulas do mestrado, um novo curso sobre o futuro do jornalismo, pensando

Assine nossa newsletter