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Coluna da Marta

Marta Schlichting

Que mau humor é este?

Pra começo de conversa – ou de leitura – quero confessar que não sou a pessoa mais bem humorada do mundo. Não acordo pulando num pé só, ao contrário, sou lenta e quieta, só depois pego no tranco. Sei que, inclusive, isso pode ser entendido como mau humor, o que não concordo, porque não brigo nem faço cara feia, até porque tenho certeza que acordar brigando é o pior dos mundos. Momentos mau humorados todos nós temos e, em boa parte, as causas são legítimas.

O que não é legítimo é um vizinho não me cumprimentar toda vez que o encontro na academia. Este homem que caminha na esteira ao meu lado é um completo desconhecido pra mim, nunca conversei com o cidadão, muito menos discuti. Moro num condomínio grande, com duas torres, e não faço ideia do andar e apartamento do sujeito. Sei que não é na minha torre, portanto nem eventuais barulhos seriam o problema. Na verdade, não sei sequer o nome dele. Viver em condomínio e não cumprimentar o vizinho é mais do que mau humor, é falta de educação mesmo. E tem muita gente assim, inclusive aqueles que adoram não cumprimentar a equipe que presta serviços, como as moças da limpeza e os porteiros, como se “essa gente” não importasse.

Tem se falado muito de saúde mental ultimamente – o que é bem positivo – então fico cogitando que as pessoas andam doentes, exaustas, saturadas, o que explicaria o mau humor. Explica, mas não justifica. Projetar no outro as suas frustrações não resolve, só indica que a pessoa precisa de um terapeuta urgente para conversar.

E é claro que não é só o vizinho, tem até os amigos que interpretam mal uma simples mensagem no whatsapp e te respondem de forma agressiva, ou o cara no trânsito que te enche de desaforos e os que não entendem que perguntar não ofende. É uma animosidade gratuita, como se não bastasse o clima de guerra que o mundo vive. Aliás, clima de guerras, porque são três conflitos vergonhosos, com crianças mortas aos milhares e que me fazem perguntar: quando a vida ficará fácil, extremamente fácil, como diz aquela canção? Quando chegará a tal era de aquário (que, desconfio, não virá)?  Acho que desistiu, vai dar W.O. ou “no show”.

O que sei é que se a gente não insistir na paz, na boa convivência aqui no nosso microcosmo de cada dia, o mau humor será elevado à categoria 10, a maior na escala Richter. Seria de bom tom que as pessoas procurassem no Google o que é Cultura de Paz, que não significa apenas a ausência de guerras, mas um conjunto de práticas que incentivam a convivência pacífica, o diálogo e a resolução de conflitos de maneira não violenta. Podemos começar cumprimentando os vizinhos.

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Uma grande amiga, jornalista e escritora brilhante, a Helena Terra, publicou uma crônica na  plataforma Sler (www.sler.com.br) que me inspirou

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