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Redenção – Silvia Beatriz Alves Rolim

Se é inevitável sofrer, na maioria das vezes temos a chance de escapar pela fantasia. Assim, enfrentamos o turbilhão emocional das constantes e imprevisíveis mudanças na vida. Um verdadeiro parque de diversões, alegoria justa para falar da eterna busca pelo desejo. Ilusão ou não, estamos todos condenados a reviver nossos erros e angústias nessa jornada.

O filme Big fish (Peixe grande e suas Histórias Maravilhosas) dirigido por Tim Burton em 2003, nos mostra a fantasia como caminho que leva a sentimentos como o amor e o pertencimento. Com um elenco de primeira grandeza, cria personagens não convencionais para mostrar a falta de conexão emocional com aquilo que é diferente. Atores como Dani de Vito, Helena Bonham Carter, Jessica Lange, Marion Cotillard e Steve Buscemi nos mostram como, em pleno século XXI, o inusitado ainda causa estranheza, desconforto e impõe isolamento.

No filme, Will Bloom (Billy Crudup) não compreendia o comportamento do pai na busca pela resignificação da vida através de histórias fantásticas. Desde a infância ouvia explicações absurdas e grandiosas contadas nos personagens exêntricos e circenses, supostamente criados na imaginação do pai. O impacto desse desencontro semeou uma rigidez no filho, gerando frustrações e uma sensação de desamparo diante da vida.

Assim, Will construiu sua própria fortaleza, isolando-se emocionalmente e abandonando qualquer esperança de apoio genuíno na figura paterna.

Quando Will reencontra Edward Bloom (Albert Finney) fragilizado por uma doença terminal, inicia-se um processo de aproximação. A partir das histórias do passado revividas por Edward (agora interpretado por Ewan McGregor), Will vai estabelecendo seu espaço no mundo.

Na morte do pai, Will percebe que as histórias fantásticas de criaturas únicas e locais incomuns refletiam o desejo de conexão, um caminho para viver onde nem sempre há compreenção e aceitação das diferenças.

Nisso, Burton é mestre. Aborda a tensão entre os mundos “normal” e “peculiar”, revelando o humano na mescla entre o grotesco e o poético. Nos encanta com histórias de rendenção povoadas por personagens que enfrentam dilemas internos relacionados à identidade e ao pertencimento.

Não canso de dizer que a vida é o que a gente interpreta. 

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