Você já deve ter ouvido falar em “economia da atenção”. Caso não saiba do que se trata, a expressão, resumidamente, se refere à forma como as pessoas gerenciam a atenção em um mundo marcado pelo excesso de informações. O conceito – criado pelo economista, psicólogo e cientista político Herbert Simon – considera a atenção humana um recurso valioso que pode ser capitalizado. Por isso, a minha, a sua e a nossa atenção nunca foi tão disputada nesses tempos digitais. Nas redes, por exemplo, quem vende um produto, um curso, um serviço e até ideologias, usa as ferramentas mais avançadas para atrair a nossa atenção e driblar a concorrência.
Não bastasse o volume exponencial de informações que recebemos diariamente – no whatsapp as notificações de novas mensagens são constantes – a sociedade do desempenho e alta produtividade valoriza os indivíduos conhecidos como multitasking, aqueles capazes de realizar tarefas de forma simultânea e rápida. Com um detalhe: é preciso que tudo seja feito com eficiência, é claro.
Pesquisando sobre o assunto, descobri que para a neurociência é impossível o cérebro se concentrar em duas atividades intelectuais ao mesmo tempo. Segundo os especialistas, quando duas tarefas precisam da nossa atenção a produtividade cai. De acordo com o neurocientista francês, Jean-Philippe Lachaux, para executar duas ações simultaneamente uma delas deve ser automática, como dirigir um carro e ouvir rádio ou andar de bicicleta e cantar. Por outro lado, para responder e-mails enquanto estamos em uma reunião, exigimos que o cérebro alterne rapidamente seu foco e essa alternância atrapalha a concentração e eficácia. Para o pesquisador, o que pode parecer banal contraria a natureza cerebral e “fragmenta” a vida cognitiva. Essa exigência, quando passa a ser cotidiana, pode desencadear casos de estresse e adoecimento mental.
Uma das maneiras de evitar os problemas advindos do consumo desordenado das tecnologias, e em especial das mídias sociais, é desenvolvermos uma visão crítica do universo digital, começando por questionamentos simples que podem ser úteis, como por exemplo: o volume de informações que consumo diariamente é de fato necessário? O que faço com tanta informação? O tempo que dedico a esse consumo de dados é adequado? Tenho comprometido tarefas fundamentais – como trabalhar, estudar, cuidar dos filhos e da minha saúde – por conta das tecnologias? Ando distraído ou ansioso? Sinto que preciso estar constantemente atualizado no que rola nas redes sociais, sob pena de perder algo importante? As múltiplas demandas estão impactando meu equilíbrio emocional?
A depender das respostas, talvez esteja na hora de desacelerar o processo de hiperconexão e, sobretudo, dirigir a atenção – esse bem valioso – ao que realmente importa: a nossa saúde e bem-estar.