Em abril do ano passado iniciei uma reforma na minha casa. Uma infiltração no banheiro do andar superior tinha abalado a parede da cozinha, além de ter comprometido uma outra parede da lavanderia e o teto do banheiro do andar inferior. Canos encostados no piso do chuveiro, ao invés de canos conectados, foram a causa. Esta estrutura mal feita gerou um incômodo, prejuízo financeiro e o início da minha reforma. A reforma da casa e do meu novo viver. 

Nestes meses de quebradeira, limpeza, rejunte e reboco aprendi que a vida nossa não deve ser delegada, muito menos distribuída. O que se compartilha são os sentimentos. A vida que chamamos de nossa é de uso próprio. É lugar para sonhar e cuidar de cada um dos sonhos sonhados. É o tempo de se mimar e ouvir a própria voz. Vida nossa não se entrega para o alheio. 

Reformar a casa é rever o estrutural do local em que se mora. Enfeitar, pintar, rebocar, envernizar, decorar, mobiliar. Reformar é renovar. Tanto o espaço físico, como a alma. Toda a casa tem uma história. Toda casa carrega sorrisos e lágrimas. As reformas são bem vindas para dar um novo rumo ao que ficou estagnado. Reconstruir o lar é uma maneira de retomar as rédeas da vida. Da própria. E não mais deixar que outros tomem decisões no teu lugar. 

Encarar a vida com coragem é preciso. Seja na reforma, no dia a dia ou nas decisões tomadas em frente ao espelho. Quem ousa viver precisa estar pronto para o que der que vier. O caminho poderá ser árduo. A limpeza dos arredores será enorme, mas a liberdade e o bem viver são indescritíveis. Reformar a casa, e também a vida, é alegria no coração.