O seu canal de notícias dos Campos de Cima da Serra

Portal Serrano

portalserranors@gmail.com

“Sempre é possível ajudar”, reforça voluntária que auxiliou nos resgates dos animais em Canoas

As enchentes, registradas no mês de maio de 2024, no Rio Grande do Sul, entraram para a história como o maior desastre climático já verificado no Brasil até agora. Desde o primeiro dia de maio, milhares de voluntários estão salvando pessoas e animais nos municípios gaúchos mais atingidos.

 

Voluntária

Karise Lopes, 27 anos, pedagoga e moradora de Nova Santa Rita, foi uma destas voluntárias. “Na verdade, fui trabalhar em Canoas, na sexta (03/05) pela manhã. Como já havia chovido muito e as águas dos rios começaram a subir e invadiram os acessos à Nova Santa Rita, eu não pude retornar para casa. Então fiquei na casa da minha irmã, que mora em Canoas e assim iniciei o voluntariado na Ulbra (Universidade Luterana do Brasil), no sábado (04/05), com os resgates de pessoas e animais. Chegavam muitas pessoas e animais. De alguma forma gostaria de me sentir útil, e como muitas pessoas precisavam de ajuda, decidi me juntar a amigos para colaborar com a comunidade”, relata Karise.

Karise já tinha experiência com cuidados aos animais, por causa dos amigos veterinários. Ela percebeu que a demanda estava altíssima e não havia tantos voluntários na área, assim ela se ofereceu para cuidar do manejo e cuidados aos animais resgatados.

“Na cidade de Canoas fiquei três dias voluntariando, e quando consegui retornar para minha cidade continuei por aqui. Então, dois dias, estive em um ponto de acolhimento dentro da Ulbra, onde as pessoas chegavam após o resgate e ficavam junto a seus pets, a rotina era identificar estes animais e fazer uma triagem para possíveis atendimentos veterinários junto ao Hospital Veterinário da Ulbra. Desta forma também eram distribuídas ração, água, coleiras e guias. O trabalho também era de incentivar cada tutor, para que pudesse cuidar da alimentação e higiene do seu pet. Muitas destas pessoas resgatadas trouxeram seus animais, então foram organizados espaços para que estas famílias pudessem ficar com eles. Já os pets sem tutores, estávamos direcionando para outros ambientes”, detalha a pedagoga.

Até o momento, segundo balanço da Defesa Civil do estado, 12.215 animais já foram resgatados.

 

Resgate de animais

Karise continua o seu relato “no terceiro dia trabalhei no galpão, ao lado do viaduto da Mathias Velho (bairro de Canoas), onde era o ponto principal de resgate. As pessoas e animais resgatados passavam por ali, até que o galpão se tornou ponto para recebimento destes animais. Neste dia (06/05) fazia muito calor, o galpão não tinha estrutura para receber estes animais, mas os voluntários fizeram o melhor que podiam. Havia em torno de 300 a 400 cães. Organizamos, alimentamos e demos água a todos. Mas a questão de bem-estar e higiene o ambiente era totalmente inadequado. Conseguimos remanejar estes animais para a Ulbra (onde haviam cedido um espaço para recebimento destes animais). Mas após o término dos envios destes animais, foram resgatados mais inúmeros cães. Graças ao auxílio de outros voluntários, conseguiram toldos, para tornar o ambiente menos insalubre. Assim como uma melhor organização”.

 

Cuidados com os animais 

Já são muitos abrigos em Canoas, e em outras cidades da Grande Porto Alegre. A necessidade de voluntários é constante, porque os animais precisam de cuidados diários. Vários animais também chegam debilitados, com medo, agressivos, precisando de carinho, atenção e dignidade. Cabe ressaltar que nas triagens e nos primeiros atendimentos constatou-se que muitos animais chegavam com problemas de saúde, como tumores, o que constata um quadro de maus tratos e abandono anterior às enchentes de maio.

 

O primeiro Censo Animal realizado em Porto Alegre teve números divulgados em fevereiro deste ano e trouxe uma situação preocupante. O levantamento, por amostragem, coordenado pela Secretaria da Causa Animal, foi realizado em quase 5 mil domicílios, entre julho e outubro do ano passado. O mapeamento também abrange os animais semi-domiciliados e os que vivem na rua. Conforme o Censo, existem 533.873 cães e 281.532 gatos em toda a cidade. Desses, cerca de 45 mil cães e 93 mil gatos podem acessar a rua sem supervisão. Esse grupo abrange, por exemplo, animais com tutor definido – que fornece alimento e abrigo, mas permite o acesso à rua, sem acompanhamento. Outros 21 mil cães e 11 mil gatos vivem sem dono.

 

Adoção responsável

 “Se você quiser ajudar de alguma forma, adote um animal, faça lar temporário, seja voluntário em abrigos. Mas o principal ADOTE! Sabemos que muitos destes animais que foram resgatados não terão mais uma família, muitos tutores não retornarão para buscar estes animais, muitos deles podem até ter perdido seus tutores, e outra parcela já eram cães e gatos de rua. Isso tudo também é uma questão de saúde pública, de não aumentar a população de animais de rua. Pense que adotando você vai receber muito amor e gratidão”, finaliza Karise, que ainda adotou uma cachorrinha para ajudar ainda mais neste momento.

Postagens Recentes
Colunistas

Então é Natal

Já chegou dezembro e o Natal por aqui já fez morada. Aqui na Serra Gaúcha, a data é representada pelo

Assine nossa newsletter