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Coluna da Paty

Patrícia Viale

E se eu parasse de lutar

Minhas últimas semanas têm sido de adaptações: as aulas do mestrado, um novo curso sobre o futuro do jornalismo, pensando em uma linha editorial mais humanda para o Portal Serrano, planejando a reestruturação da Associação Chico Viale. No meio disto as refeições do dia a dia, nadar duas ou três vezes na semana, cachorras que precisam de acompanhamento veterinário na sua velhice. A vida é igual para todo mundo, quando se refere à rotina: viver e sobreviver. Cada qual com suas guerras particulares, com seus fantasmas, alegrias e dores.

Minhas alegrias estão medicadas, porque dores alheias andaram me derrubando. Diz o médico que o remédio será temporário. Será o tempo da terapia fortalecer um pouco mais a alma. Todo dia vemos injustiças, atrocidades com seres indefesos, como crianças, adolescentes, mulheres e animais. Me pergunto constantemente o que motiva uma pessoa a maltratar outra, ou um animal.

O que faz um homem bater numa mulher? O que faz um ex-marido roubar parte do patrimônio da ex-mulher? O que faz um homem abusar de uma adolescente? O que faz um homem cortar as quatro patas de um cavalo sadio?

Perceberam que o sujeito é sempre um homem? Este não é um discurso feminista, mas uma constatação da minha rotina. Homens machucam (não todos, mas alguns passam do limite da civilidade). Mulheres também ofendem. Tem uma que disse aos quatro ventos que sou uma vagabunda. O desamor próprio causa isto.

O que quero dizer é que estamos precisando mudar condutas. Não sou defensora das armas ou da briga, ou do tapa na cara. Sou defensora da informação, da verdade e da justiça. É sobre lutar diariamente, da hora em que acordamos até a hora de dormir. É lutar na base do diálogo, sobre conversar e orientar. Sobre redirecionar nossos trabalhos para que estes possam ajudar outras pessoas, principalmente quem mais precisa de informação e acolhimento no momento.

Estamos perdendo a luta a favor da vida. No tempo em que nos permitimos o luto das últimas perdas, meninas foram abusadas, estupradas. Mulheres foram humilhadas e mortas. Animais foram esquartejados. O terror tomou conta do dia comum e sequer percebemos. A maldade acontece a todo instante. Fora e dentro de casa. E não podemos deixar de lutar. E lutar é persistir na vida. Um pouquinho mais.

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