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Irara é escolhida como animal representante do Pró-Mata para 2025

A escolha da irara como animal representante para 2025 do Pró Mata, área protegida voltada para o ensino, a pesquisa e a conservação ambiental, em São Francisco de Paula, não foi à toa. Avistada regularmente nas câmeras de monitoramento do local, a presença da irara nos Campos de Cima da Serra pode estar diminuindo, e sua escolha é uma forma de aumentar sua visibilidade e o interesse em pesquisas em torno de seus hábitos e habitat.

Atualmente, no Pró-Mata, é desenvolvido um programa amplo de monitoramento da biodiversidade, incluindo um projeto de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Biodiversidade da PUCRS, com foco em vários mamíferos que vivem nesta reserva. Desde 2019, foram instaladas armadilhas fotográficas para monitorar a movimentação dos mamíferos médios, como as iraras. As armadilhas fotográficas funcionam com sensores de movimento: quando o animal passa em frente a armadilha ela ativa e começa a filmar ou fotografar.


O que é o Pró-Mata

Antigamente o Pró-Mata, área de conservação ambiental da PUCRS, com cerca de 3 mil hectares, em São Francisco de Paula, era um conjunto de fazendas, que tinha o extrativismo da madeira de araucária como fonte de renda principal, além da criação de gado para a produção do charque. Estas eram as principais fontes de renda na região. Hoje o Pró-Mata é uma área de preservação que busca também desenvolver alternativas econômicas viáveis para agricultores familiares da região se manterem no campo e produzirem de forma adequada o alimento, que será comercializado, além da busca por novas alternativas de geração de renda, utilizando tecnologias que sejam mais sustentáveis e que gerem menor impacto ao meio ambiente.

O Centro de Pesquisas e Conservação da Natureza PRÓ- MATA, é um dos Hubs de tecnologia de atração de turistas e também de conexão com todos os agentes da cadeia de turismo, através do projeto Finep “A Cadeia Produtiva do Turismo Rural em São Francisco de Paula/RS: novas tecnologias para o desenvolvimento sustentável do Bioma Mata Atlântica”. Anualmente o local recebe centenas de pesquisadores, professores e estudantes de diferentes instituições, brasileiras e internacionais. Desde a sua inauguração, são promovidas atividades de ensino, pesquisa e extensão sob a condução do Instituto do Meio Ambiente (IMA) da PUCRS. 


Iraras, o que são: 

A irara (Eira barbara), animal pouco conhecido pelo público em geral, é um mamífero carnívoro da família dos mustelídeos (mesma das lontras e furões). Os indivíduos desta espécie apresentam corpo esguio, patas curtas e uma longa cauda, muito utilizada para lhe conferir equilíbrio ao correr e ao subir em árvores. É um animal ágil e curioso que pode medir até 1,3 metros de comprimento (da ponta do seu focinho até o final da sua cauda) e pesar entre 3 e 7 kg. Sua pelagem escura varia do marrom claro ao marrom escuro, com a cor de sua cabeça sendo levemente mais clara que o resto de seu corpo, e apresentando ainda uma mancha amarelada no peito. As diferenças entre machos e fêmeas são sutis, como, por exemplo, o tamanho corporal.

Habitante das florestas, a irara é uma excelente escaladora de árvores e tem hábitos diurnos, o que a diferencia de muitos outros carnívoros. Embora a espécie ainda apresenta muitas lacunas de conhecimento quanto a suas características ecológicas, é sabido que sua dieta é generalista, incluindo desde pequenos vertebrados a frutos e até mel (o que lhe confere o nome popular em algumas regiões de “papa-mel”). Esse comportamento alimentar faz da irara, além de uma controladora de populações de outras espécies, uma importante dispersora de sementes, contribuindo para a manutenção e regeneração das florestas.

No Brasil, a irara é considerada como de menor preocupação, em termos de conservação, segundo a Lista Vermelha disponibilizada pelo ICMBio. No entanto, enfrenta ameaças crescentes como a perda de habitat por desmatamento, queimadas e expansão agropecuária, além de atropelamentos e conflitos com humanos.

Apesar de sua ampla distribuição, que vai do México ao norte da Argentina, ainda se sabe muito pouco sobre a espécie. Há lacunas importantes no conhecimento sobre seu comportamento, dinâmica populacional, uso do habitat e interações ecológicas – especialmente em regiões mais ao sul de sua distribuição, como o Brasil e, mais especificamente, o Rio Grande do Sul (RS). Dessa forma, ter a espécie como mamífero símbolo da RPPN Pró-Mata para 2025 pode atrair um olhar mais atento a esta espécie, contribuindo assim para que futuras ações de conservação possam ser aplicadas, como explica o doutorando Arthur Venancio de Santana.

Ao longo do monitoramento que vem sendo realizado pelo pesquisador durante seu doutorado e junto ao projeto de pesquisas ecológicas de longa duração realizado nesta reserva (PELD – PROM), a espécie foi registrada menos do que diversos outros mamíferos, mas, como dito anteriormente, pouco se sabe sobre os padrões ecológicos desta espécie e, consequentemente, o que seria o esperado para a área.

“Mamíferos como a irara são fundamentais para a saúde dos ecossistemas onde vivem. Esses animais ajudam a manter o equilíbrio do ambiente, promovendo uma série de interações que garantem a preservação do local. No entanto, para que a irara continue desempenhando esse papel vital, é necessário que ela viva em áreas bem preservadas, como as unidades de conservação. A escolha de espécies enigmáticas como a irara traz diversas vantagens. Além de se beneficiar diretamente das ações de preservação, a irara também ajuda a proteger outras espécies que dependem dos mesmos ambientes. Quando a conservação é focada na irara, ela age como uma ‘espécie guarda-chuva’, garantindo que outras formas de vida que compartilham seu habitat também estejam protegidas”, conta o pesquisador.

Foto: Divulgação do projeto.

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