Já chegou dezembro e o Natal por aqui já fez morada. Aqui na Serra Gaúcha, a data é representada pelo Natal Luz, evento que inicia em outubro e segue até janeiro, não nos deixando esquecer que Papai Noel por aqui existe sim e movimenta a economia por cerca de três meses.

No último final de semana assisti o espetáculo “Primeiro Natal”, da Cia Teatral Conta Comigo, lá na sede dos Bonecos da Montanha, em Gramado. Senti um alívio por perceber que Natal ainda pode ser algo discreto, pequeno e emocionante. A voz de Fernanda Ghesla, o cenário criado por seu marido André Almeida e a volta às origens dos primeiros Natais na terra fantástica do Papai Noel, nos conduziu àquele aperto suave no coração, que nos chorar, mas não de tristeza e sim de nostalgia feliz, por termos vivido algo incrível na infância: o Natal em família.

De uns anos para cá, esta data tem sido comemorada em casa mesmo, sem festa e tenho substituído os presentes por reflexão. A vida foi mudando o ritmo e não cabe mais fazer grandes junções. A mesa daqui ficou pequena e a árvore não é mais montada por causa dos gatinhos bagunceiros.

Tudo isto poderia ser motivo de tristeza. Já não tenho pai, nem mãe aqui comigo, mas tenho minha filha. Amizades foram se perdendo no meio dos desafios. Relações afetivas foram se afastando, em meio à distância das cidades moradas, e até mesmo em função de opiniões declaradas. Já não choro mais por afastamentos. Aprendi com a história do menino Jesus que o melhor presente é a presença. Jesus precisou de um lugar quente e seguro para nascer e seu nascimento aconteceu em uma estrebaria, em meio aos animais. Animais que ainda hoje são perseguidos e subjugados pelos ditos humanos. Desde o nascimento do menino Salvador pouca coisa mudou. As guerras continuam. Mentiras vivem entre nós. O Natal assumiu um glamour de presentes e comida farta, mas o que deveríamos lembrar é que esta data representa o nascimento de uma vida que pregou a simplicidade.

Então é Natal. E eu espero que o espírito natalino toque o seu coração.