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Coluna da Paty

Patrícia Viale

O jogo dos muitos erros

Ao olhar esta foto você enxerga o quê? Sofás jogados, lixo espalhado. Você enxerga um animal amedrontado também? Um filhote sem chance de sobreviver, descartado como uma caixa de papelão sem utilidade? Até mesmo o papelão tem uso após cumprir a sua função de embalagem. Os papéis são reciclados. Animais são seres vivos. Podem não falar, mas sentem dor, frio, fome. Sentem desamparo.

Em 2023, o Brasil teve cerca de 184.960 animais abandonados ou resgatados por maus-tratos, sob a tutela de ONGs e grupos de proteção animal. Para 2024, a estimativa é que esse número supere os 185 mil. No entanto, a falta de estatísticas válidas dificulta a elaboração de programas para lidar com a população de animais abandonados no país. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2022, havia cerca de 30 milhões de animais abandonados no Brasil, sendo 20 milhões de cães e 10 milhões de gatos. O abandono de animais é considerado maus-tratos e está sujeito a pena de três meses a um ano de detenção e multa, de acordo com a Lei de Crimes Ambientais. 

O animal da foto do lixão é uma cachorrinha e foi resgatada por uma voluntária da causa animal, em São Francisco de Paula/RS, uma cidade onde a Prefeitura se orgulha da eficiência do seu Departamento de Cuidados aos Animais. Nesta mesma cidade, onde também moro, existe uma ONG chamada Amigos de Rua, que tive a alegria de ajudar a fundar em 2008, e que está com uma dívida de aproximadamente 45 mil reais com as clínicas veterinárias da cidade, em função dos resgates, atendimentos e castrações de animais abandonados. A ideia desta coluna não é criar polêmica, muito menos dividir opiniões. O objetivo de mais este texto, com esta foto, é alertar sobre um cenário que está muito errado na cidade, e chamar o poder público, entidades e sociedade civil para uma conversa de gente adulta. Abandonar animais não pode mais ser uma realidade neste município. Existem pessoas ativas e políticas públicas para serem implantadas pela causa animal. A pergunta é “por que isto não acontece?”

O mesmo grupo de voluntárias e voluntários da causa animal está mais uma vez, neste momento, juntando dinheiro, de  vinte em vinte reais, para comprar ração e pagar a castração desta filhote. Até a semana terminar, novos casos de abandono irão acontecer, porque os animais não são considerados seres sencientes, que sentem, e que são protegidos pela legislação aqui em São Chico. A poupança dos voluntários da causa animal logo irá zerar e o que antes era um problema contornável, se tivesse um olhar de acolhimento do poder público, se tornará um problema de saúde pública.

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Uma grande amiga, jornalista e escritora brilhante, a Helena Terra, publicou uma crônica na  plataforma Sler (www.sler.com.br) que me inspirou

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