Um sábado frio de cerração. Era setembro. Pense em ser acolhido em um salão paroquial, numa cidade do interior, para uma conversa sobre produção e venda de alimentos. Uma conversa onde pensamos juntos o que iremos consumir, como iremos nos alimentar, como planejamos o que comer. No Coletivo Alecrim de Consumo Responsável esta vivência é real. Todo mês pessoas participam desta acolhida e passam a planejar suas compras de maneira mais sustentável. Uma vez por mês estas compras são entregues, juntamente com a realização de uma feira com mais produtos, música e conversa que esclarece e informa. E isto acontece em São Francisco de Paula.
Na acolhida que participei estavam outras 16 pessoas ouvindo atentas. A próxima feira ocorre no dia 12 de outubro, a partir das 10h, no Salão Paroquial Católico. Participar daquele grupo foi um momento único. Lembrei da comunidade feminina na Barragem do Salto, se reunindo para tratar das novenas de final de ano. No meio daquele grupo, vi pessoas preocupadas com a saúde da terra e das relações entre as pessoas. Vi pessoas que se preocupam com os nomes dos agricultores e com a sua produção. Não é somente comprar e vender. É uma construção de valores. É pensar no processo de produção dos alimentos que nos nutrem.
Ao fundo, o violão de Rodrigo Ruperti enchia de esperança aqueles instantes, que mais pareciam um filme cult. Talvez o mundo ainda não esteja perdido. Foi o que pensei ali. Depois de semanas assistindo as queimadas destruindo florestas e áreas verdes na região norte e centro oeste do Brasil, qualquer pitada de esperança me reconstrói. O Coletivo Alecrim, em São Chico, é uma oportunidade para trocar ideias criativas, doar tempo e conhecimento. Ali se evitam embalagens plásticas, as frutas são colocadas em saquinhos retornáveis e cada pessoa leva as suas sacolas. As sacolas de pano são a última moda!
Quando a pressão da vida cotidiana e os desastres climáticos sufocarem o teu respirar, agende uma ida a uma feira com produtos naturais, tipo frutas e verduras que serão descascadas. Converse com um produtor rural que coloque a mão na terra. O mundo não está perdido, só está sendo liderado por cabeças que desvalorizam os valores da vida.