As enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul completaram um mês neste início de junho. Apesar da gradativa regressão do nível da água, a cidade de Porto Alegre ainda registra pontos de alagamento, com o Guaíba acima da cota de inundação, e outros municípios gaúchos contabilizam estragos enquanto tentam se reerguer. Um fato que chamou atenção neste período foi a empatia com os animais, que também foram vítimas desta catástrofe.
A assistência aos animais resgatados das enchentes foi formalizada no dia 18/5 pelo governo do Estado, em parceria com a organização não governamental (ONG) Grupo de Resposta a Animais em Desastres (GRAD). O documento prevê o trabalho conjunto de planejamento, gestão, monitoramento e execução das atividades desenvolvidas em resgates de animais e no acolhimento em abrigos nos municípios gaúchos. Também inclui a identificação e catalogação para localização de tutores ou o suporte nos procedimentos de adoção. Os animais necessitam ser vistos verdadeiramente pelo poder público, a partir de agora.
Durante todo o mês de maio, ongs e protetoras dos animais gaúchas e de outros estados brasileiros se mobilizaram para resgatar e cuidar de cerca de 11 mil animais vítimas da catástrofe climática. A ONG Amigos de Rua, de São Francisco de Paula, e os veterinários da cidade também se mobilizaram para ajudar.
Gisele Pereira Maganini, voluntária da ONG Amigos de Rua, 40 anos, projetista de profissão, conversou com a redação do Portal Serrano e contou um pouco sobre como foi a rotina de colaboração neste último mês.
“Começamos a olhar os pedidos de ajuda para os animais e conseguimos conversar com pessoas que tinham barcos para ajudar nos resgates. Pessoal de Taquara e Sapiranga se uniu conosco, e assim reunimos voluntárias e recursos para comprar medicamentos, combustível para os barcos e fomos para os abrigos ajudar na montagem. Em Araricá as estruturas de abrigo já estavam bem montadas. Também fomos para Estância Velha e lá ajudamos na montagem das baias, nos passeios com os cães, separação dos animais por atendimentos mais urgentes. Também estivemos em Campo Bom e Novo Hamburgo. Canoas esteve no nosso roteiro”, comenta a voluntária.
“Veterinários daqui de São Chico também estão sendo voluntários nos casos mais urgentes, que precisam de cuidados imediatos. Como todos os protetores, que estão engajados em ajudar, trouxemos alguns animais e estamos empenhadas em arranjar lares temporários e doações. São gatos e cachorros, de várias idades e pelagens”, frisa ela.
Gisele ainda lembra que estes dias de voluntariado foram muito intensos. Além de presenciarem o drama dos animais, as gurias viram o problema enfrentado pela serra gaúcha depois desta enchente, em seus deslocamentos pelas rodovias estaduais: o desmoronamento das encostas.
A ONG Amigos de Rua existe há mais de 15 anos e sempre trabalhou pela conscientização de que os animais, assim como os seres humanos, são seres sencientes, ou seja, são capazes de sentir, experienciar sensações e sentimentos. Entretanto, o entendimento popular nem sempre os considerou dessa forma, por isto a importância do trabalho nas organizações não governamentais e associações pelo bem-estar animal.
Gisele pede que as pessoas abram seus corações para adoções responsáveis neste momento. “São muitos animais precisando de carinho e tutores responsáveis. A ONG Amigos de Rua está aqui para ajudar a promover este encontro e encontrar famílias que acolham estes bichinhos”. Quem quiser conhecer os animais que estão sob a tutela da ONG podem ver as fotos no perfil do Instagram da entidade @ong_amigosderua e marcar uma visita para conhecer a turminha.
