A Associação Chico Viale nasceu da superação de uma perda
“Às vezes a gente precisa parar e deixar o tempo contar sobre o nosso trabalho”. É assim que Patrícia Viale, jornalista e presidente da Associação Chico Viale, inicia a retrospectiva de 16 anos de trabalho à frente da Associação Chico Viale.
Em 13 de janeiro de 2007, o Chico Viale, irmão da Patrícia, sofreu um acidente de carro e entrou em coma. Na cirurgia de emergência ele precisou de 40 bolsas de sangue e a família precisou repor estas bolsas no Hemocentro do Rio Grande do Sul, com sede em Porto Alegre. Foi ali que a Patrícia percebeu a problemática da doação de sangue. “Na época este era um assunto pouco falado na mídia. Eu sou jornalista, não sabia como pedir o sangue, então escrevi um email e disparei para os meus contatos da imprensa, pedindo ajuda, para que as pessoas doassem sangue e chamassem outras pessoas para serem doadores”, relembra Patrícia. O Chico faleceu em 16 de março de 2007 e a Associação Chico Viale foi fundada em 14 de julho de 2007, para homenagear o Chico e agradecer a todos os doadores de sangue, que doaram sangue por ele, naquele período.
De lá para cá, nestes 16 anos, a entidade promoveu palestras na Região das Hortênsias, trabalhou na organização de coletas de sangue e atendeu pedidos específicos, que chegam regularmente pela internet. Também neste tempo muita coisa mudou. A doação de sangue hoje é um assunto amplamente divulgado na mídia, mas a ida dos doadores de sangue aos hemocentros ainda é discreta. “Precisamos trabalhar na conscientização de que ser um doador de sangue voluntário é um ato de cidadania. Mantermos, os estoques de sangue nos Hemocentros, em equilíbrio é um dever da sociedade civil, para que os serviços de saúde pública possam continuar funcionando. Se faltar sangue, cirurgias são desmarcadas e tratamentos são descontinuados. Nós todos precisamos pensar mais como coletivo, porque juntos conseguimos manter tudo isto funcionando. As mulheres podem doar sangue de 3 em 3 meses e os homens de 2 em 2 meses. Não é difícil, né?”, conta Patrícia.
A jornalista disse que várias vezes, neste 16 anos, sentiu vontade de parar este trabalho. “É difícil trabalhar entre a vida e a morte. Mais perdemos do que ganhamos. Não é um trabalho remunerado, nem para mim, nem para os doadores. Muitas vezes perdi a fé no que eu mesmo divulgo, porque a perda tem o seu peso emocional e superá-la é um trabalho constante de ressignificação da vida”, acrescenta ela.
Durante a pandemia da covid, as doações caíram drasticamente e foi ali que a Patrícia viu a necessidade de reformular o trabalho da Associação Chico Viale. “Os Hemocentros oferecem a estrutura necessária para as coletas de sangue. Precisamos mostrar para as pessoas que elas devem estar lá, estendendo o braço para ajudar outras pessoas. O que nós precisamos fazer é divulgar ainda mais a importância de sermos doadores de sangue. Precisamos nos tornar formadores de opinião, formadores de uma cultura que é basicamente solidária. A Chico Viale vai tomar esta frente. Estamos passando por uma fase de alteração de estatuto, mudando nossa maneira de nos comunicar com as pessoas. Nosso objetivo é aumentar o número de doadores de sangue no Rio Grande do Sul e por isto iremos trabalhar mais 16 anos, com ainda mais amor pela vida”, concluí a irmã do Chico.
Para maiores informações, contato de Patrícia Viale (54) 99906101.